Conhecer um pouco da trajetória de nossos
artistas ajuda-nos a conhecer um pouco mais de sua obra e da inquietude que
acomete todo artista.
Este mês nosso artista entrevistado é Paulo Byron.
Vocação descoberta, de certa forma tardia, nos
impressiona por seus traços e a força de suas obras. Em 2006, por força de uma
cirurgia nosso artista ficou preso à cama e começou a aprimorar a brincadeira
de menino. Esta brincadeira hoje nos maravilha. Confira a entrevista completa!
Arte na Sacola: Qual sua inspiração?
Paulo Byron:
É o cotidiano, as pessoas comuns, o lazer, a simplicidade, meus temas são da
década de cinquenta, que considero mais romântica, mais pura, mais verdadeira
na verdade das ações, dos desejos e do conviver.
AnS: Qual é o item mais indispensável em seu atelier?
PB: O
silêncio
"Carrinho de Latas" - Acrílica sobre tela - 30 x 40 cm |
AnS: Você enxerga a arte como sua principal
atividade ou é apenas um hobby?
PB: Não
sei fazer algo pela metade, ainda mais arte. Dedico 18 horas por dia para
estudos, desenhos e pinturas; tenho sempre de cinco a dez obras em andamento
nas mais diversas fases, não obrigatoriamente as faço simultaneamente, mas
estão em criação.
AnS: Você já teve o chamado “apagão criativo?”
PB: Sim,
todos temos, mente quem nega isso, assusta mas é normal, não sabemos como
acontece nem o porque, quando acontece, enterro-me nos estudos.
AnS:Você considera-se autodidata ou fez algum
curso?
PB: não,
não fiz curso, estudo muito de quatro a seis horas dia, ou na internet ou nos
livros, troco muitas informações com colegas e faço muitas experiências na
prática, em testes de materiais e misturas.
AnS: Quando você pinta, geralmente você já
imagina o resultado final ou conforme vai fazendo, o pensamento
muda?
PB: planifico
o resultado, direitinho, o mais acadêmico possível (no sentido de distribuição
dos elementos na tela, das cores e suas nuances), mas nem sempre é possível
manter uma regra fixa pré determinada, pintar antes de tudo tem que ser um exercício
de liberdade. sem liberdade e impossível haver criação.
AnS: Você possui alguma técnica especial?
PB: Minha
técnica é tentar captar lembranças, sem disfarces, sem regras rígidas, nas
figuras e no movimento.
AnS: Antes de começar uma pintura você faz um
croquis ou vai direto à tela?
PB: Sempre
faço um croqui, criação não quer dizer oportunismo, voluntariedade, impulso,
mas quer dizer que na arte 20% é criação e os outros 80% são de puro trabalho e
suor. Vejam os croquis e desenhos dos grandes mestres.
"Vontade" - Acrílica sobre tela - 30 x 40 cm |
AnS: Qual foi a primeira apresentação pública de
seu trabalho?
PB: No
Salão de Arceburgo, por insistência de um querido amigo, me inscrevi e fui
premiado com Medalha de Bronze, até hoje me recordo da emoção vívida.
AnS: Já recebeu algum prêmio? Qual?
PB: Já
recebi inúmeros prêmios medalhas de ouro, prata e bronze, tenho obras em
museus, mas o maior prêmio considero a emoção do observador enlevado perante
uma obra minha, isso é muito mais gratificante, a emoção sincera de um
observador anônimo e sincero, inesquecível.
AnS: Você acredita que o Brasil é um país onde dá
pra viver somente de arte?
PB: Acredito,
mas para tanto tem que conquistar o reconhecimento sobre o seu trabalho, e isso
requer muito trabalho e muito estudo, não cai do Céu.
AnS: Você acredita que a concorrência está
grande?
PB: Acredito
sim, mas o crivo está fechando, a verdadeira arte esta voltando a ocupar seus
espaços merecidos.
AnS: Você costuma visitar exposições de
arte?
PB: Sim,
já visitei muito mais, porém o tempo esta me tornando mais seletivo, pois
se for atender a todos os convites, fica impossível. Hoje selecionamos as
visitas quanto a curadores, que na realidade deveriam ser os responsáveis pelo
que expõem, e visitamos muitas exposições de artistas amigos e conhecidos para
constatar as novidades que revelam.
AnS: Paulo
é figura carimbada nas exposições de seus amigos, ele e a sua adorável esposa
estão sempre agraciando os amigos com suas críticas e visitas.
AnS: Você acha que ainda temos gênios na pintura
e não apenas os do passado?
PB: Claro
que temos, temos os gênios verdadeiros e os gênios de mercado, fabricados pelo
mercado e pela mídia, não é difícil separa-los.
"Então vejamos" - Acrílica sobre tela - 30 x 40 cm |
AnS: Como você vê as tecnologias digitais?
PB: Interessantíssimas,
muito válidas, mas somente como meio auxiliar, porém acredito; constrangedoras
da criação e liberdade, a aptidão para o traço, para a criação fica meio
contida, mas se sobrepõe sempre.
AnS: Qual
a maior experiência de vida que você já teve?
PB:
Não sei como explicar, mas acredito que a cada dia tenho a maior
experiência de vida, num amanhecer, anoitecer, numa chuva, no olhar singelo de
uma criança, numa frase zangada, num riso espontânea, ora a maior experiência
de vida é VIVER !
AnS: Você coleciona alguma coisa? também?
PB: Sim,
coleciono amigos sinceros; difícil....
AnS: Qual sua ultima aquisição?
PB: Uma
amiga muito querida, como disse acima coleciono amigos sinceros.
AnS: O que você sugere para quem quer começar a
pintar / tirar fotos?
PB: acredito
que para começar a pintar, deve-se primeiro aprender a desenhar, o desenho é a
base, partir para a pintura antes de desenhar, é colocar a carreta á frente dos
bois, sobretudo procurar uma orientação sincera de um artista competente.
AnS: Você já recebeu alguma crítica que lhe fez
querer parar de fazer arte?
PB: Não,
considero que sempre estamos aprendendo e as críticas por mais ferozes e ou
injustas sempre acrescentam algo, basta saber interpreta-las.
AnS: Existe alguma pergunta que não foi feita que
você gostaria de responder?
PB: Sim,
sempre fica algo, posso perguntar a minha esposa? Ela está sempre a meu
lado e me orienta muito bem, o que faço de errado são a revelia dela....
AnS: E baixinha é brava! Ao Arte na Sacola só
cabe agradecer ao artista e pedir que ele continue a compartilhar seus
trabalhos maravilhosos com todos nós!
Paulo Byron, Danielle Jacob e Elida Dias |
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