quinta-feira, 17 de maio de 2012

Paulo Byron, nosso boêmio


Conhecer um pouco da trajetória de nossos artistas ajuda-nos a conhecer um pouco mais de sua obra e da inquietude que acomete todo artista.
Este mês nosso artista entrevistado é Paulo Byron.
Vocação descoberta, de certa forma tardia, nos impressiona por seus traços e a força de suas obras. Em 2006, por força de uma cirurgia nosso artista ficou preso à cama e começou a aprimorar a brincadeira de menino. Esta brincadeira hoje nos maravilha. Confira a entrevista completa!
Arte na Sacola: Qual sua inspiração? 
Paulo Byron:  É o cotidiano, as pessoas comuns, o lazer, a simplicidade, meus temas são da década de cinquenta, que considero mais romântica, mais pura, mais verdadeira na verdade das ações, dos desejos e do conviver.
AnS: Qual é o item mais indispensável em seu atelier?  
 PB: O silêncio
"Carrinho de Latas" - Acrílica sobre tela - 30 x 40 cm

AnS: Você enxerga a arte como sua principal atividade ou é apenas um hobby?
PB: Não sei fazer algo pela metade, ainda mais arte. Dedico 18 horas por dia para estudos, desenhos e pinturas; tenho sempre de cinco a dez obras em andamento nas mais diversas fases, não obrigatoriamente as faço simultaneamente, mas estão em criação.
AnS: Você já teve o chamado “apagão criativo?”
PB:  Sim, todos temos, mente quem nega isso, assusta mas é normal, não sabemos como acontece nem o porque, quando acontece, enterro-me nos estudos.
AnS:Você considera-se autodidata ou fez algum curso? 
PB:  não, não fiz curso, estudo muito de quatro a seis horas dia, ou na internet ou nos livros, troco muitas informações com colegas e faço muitas experiências na prática, em testes de materiais e misturas.
AnS: Quando você pinta, geralmente você já imagina o resultado final ou conforme vai  fazendo, o pensamento muda? 
 PB:  planifico o resultado, direitinho, o mais acadêmico possível (no sentido de distribuição dos elementos na tela, das cores e suas nuances), mas nem sempre é possível manter uma regra fixa pré determinada, pintar antes de tudo tem que ser um exercício de liberdade. sem liberdade e impossível haver criação.
AnS: Você possui alguma técnica especial?
PB:  Minha técnica é tentar captar lembranças, sem disfarces, sem regras rígidas, nas figuras e no movimento.
AnS: Antes de começar uma pintura você faz um croquis ou vai direto à tela? 
PB: Sempre faço um croqui, criação não quer dizer oportunismo, voluntariedade, impulso, mas quer dizer que na arte 20% é criação e os outros 80% são de puro trabalho e suor. Vejam os croquis e desenhos dos grandes mestres.
"Vontade" - Acrílica sobre tela - 30 x 40 cm

AnS: Qual foi a primeira apresentação pública de seu trabalho?
PB:  No Salão de Arceburgo, por insistência de um querido amigo, me inscrevi e fui premiado com Medalha de Bronze, até hoje me recordo da emoção vívida.
AnS: Já recebeu algum prêmio? Qual?                 
PB: Já recebi inúmeros prêmios medalhas de ouro, prata e bronze, tenho obras em museus, mas o maior prêmio considero a emoção do observador enlevado perante uma obra minha, isso é muito mais gratificante, a emoção sincera de um observador anônimo e sincero, inesquecível.
AnS: Você acredita que o Brasil é um país onde dá pra viver somente de arte?
PB:  Acredito, mas para tanto tem que conquistar o reconhecimento sobre o seu trabalho, e isso requer muito trabalho e muito estudo, não cai do Céu.
AnS: Você acredita que a concorrência está grande? 
PB:  Acredito sim, mas o crivo está fechando, a verdadeira arte esta voltando a ocupar seus espaços merecidos.
AnS:  Você costuma visitar exposições de arte?
PB:  Sim, já visitei muito mais, porém o tempo esta me tornando mais seletivo, pois se for atender a todos os convites, fica impossível. Hoje selecionamos as visitas quanto a curadores, que na realidade deveriam ser os responsáveis pelo que expõem, e visitamos muitas exposições de artistas amigos e conhecidos para constatar as novidades que revelam.
AnS:    Paulo é figura carimbada nas exposições de seus amigos, ele e a sua adorável esposa estão sempre agraciando os amigos com suas críticas e visitas.
AnS: Você acha que ainda temos gênios na pintura e não apenas os do passado?
PB:  Claro que temos, temos os gênios verdadeiros e os gênios de mercado, fabricados pelo mercado e pela mídia,  não é difícil separa-los.
"Então vejamos" - Acrílica sobre tela - 30 x 40 cm

AnS: Como você vê as tecnologias digitais?
PB:  Interessantíssimas, muito válidas, mas somente como meio auxiliar, porém acredito; constrangedoras da criação e liberdade, a aptidão para o traço, para a criação fica meio contida, mas se sobrepõe sempre.
AnS:    Qual a maior experiência de vida que você já teve?
PB:    Não sei como explicar, mas acredito que a cada dia tenho a maior experiência de vida, num amanhecer, anoitecer, numa chuva, no olhar singelo de uma criança, numa frase zangada, num riso espontânea, ora a maior experiência de vida é VIVER !
AnS: Você coleciona alguma coisa? também?
PB: Sim, coleciono amigos sinceros; difícil....
AnS: Qual sua ultima aquisição? 
PB:  Uma amiga muito querida, como disse acima coleciono amigos sinceros.
AnS: O que você sugere para quem quer começar a pintar / tirar fotos?
PB:  acredito que para começar a pintar, deve-se primeiro aprender a desenhar, o desenho é a base, partir para a pintura antes de desenhar, é colocar a carreta á frente dos bois, sobretudo procurar uma orientação sincera de um artista competente.
AnS: Você já recebeu alguma crítica que lhe fez querer parar de fazer arte?
PB: Não, considero que sempre estamos aprendendo e as críticas por mais ferozes e ou injustas sempre acrescentam algo, basta saber interpreta-las.
AnS: Existe alguma pergunta que não foi feita que você gostaria de responder?
PB: Sim, sempre fica algo, posso perguntar a minha esposa? Ela está sempre a meu lado e me orienta muito bem, o que faço de errado são a revelia dela....
AnS: E baixinha é brava! Ao Arte na Sacola só cabe agradecer ao artista e pedir que ele continue a compartilhar seus trabalhos maravilhosos com todos nós!
Paulo Byron, Danielle Jacob e Elida Dias

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