A arte é uma área do conhecimento. Esta afirmação pode parecer óbvia, mas ela é necessária para mostrar que a arte é uma forma de conhecimento especial que permite uma variedade grande de manifestações. Sendo assim, o artista pode expressar-se de várias maneiras. Não cabe aqui, por razões óbvias, comparar a arte com outras áreas do conhecimento, como a ciência, por exemplo. Importante, sim, é mostrar o equilíbrio entre intuição e razão que definem os grandes artistas.
Este longo preâmbulo foi necessário para descrever o trabalho de uma artista que vive a experiência de se equilibrar entre a intuição artística e o trabalho intelectual que a pesquisa exige. Marinice Costa, neste caso, percorre seu caminho estético se equilibrando entre a intuição e a razão. Assim, a artista parte da diluição da forma, equilibrando claros e escuros. Ora seu material é tinta a óleo, ora é a tinta acrílica. A decisão de usar os dois materiais tem como objetivo pesquisar os contrastes. Desta forma, o contraste não é apenas entre o vermelho e o azul ou entre o branco e o preto, mas também entre as nuances que os materiais provocam. Esses contrastes levaram a artista a realizar uma pesquisa óptica, porém, a ilusão óptica não é seu único objetivo. Marinice Costa usa também a velatura, e a espátula, e deixa o trabalho do pincel aparecer como uma “caligrafia”, segundo suas palavras. Por isso não busca o truque da exatidão, pois quer que o trabalho de sua mão seja visível. Com este princípio a artista avança entre trabalhos geométricos, entre a procura pela exatidão da composição e entre as múltiplas possibilidades da abstração. As marcas de seu trabalho são visíveis e a mão da artista busca um objetivo ético: elas querem mostrar um fazer especial, que é diferente de qualquer outra atividade. Por isso a arte é uma forma de conhecimento especial.
João Coviello
* João Coviello é artista plástico, Mestre em Filosofia e Especialista em História da Arte pela PUC-PR.
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